Autor de telenovelas como "Vale Tudo" e "Paraíso Tropical", Gilberto Braga morreu na noite desta terça-feira (26), aos 75 anos. Ele sofria da doença de Alzheimer e estava internado no hospital Copa Star, no Rio de Janeiro, devido a uma infecção gerada por uma perfuração do esôfago. O dramaturgo, que era casado com o decorador Edgar Moura Brasil, não resistiu às complicações.
Mas foi com o sucesso retumbante de "Dancin' Days", de 1978 -com Sônia Braga, Antonio Fagundes e Joana Fomm no elenco- que Braga consolidou as bases das telenovelas contemporâneas em horário nobre -e, de quebra, influenciou até mesmo o que os brasileiros vestiam, numa produção lembrada também pelos figurinos coloridos e inspirados na discoteca.
A ela se seguiram "Água Viva", de 1980, que mostrou com pioneirismo o uso da maconha na televisão brasileira, dentro do contexto do cotidiano de personagens de classe média alta, "Brilhante", "Louco Amor", "Corpo a Corpo", "Anos Dourados" e "O Primo Basílio".
Foi em 1988, no entanto, que seu maior sucesso foi ao ar. "Vale Tudo" se tornou um fenômeno da Globo e alçou o autor carioca ao panteão da teledramaturgia brasileira. Na reta final do folhetim, mobilizou a população brasileira com a pergunta "quem matou Odete Roitman?". As tentativas de decifrar o assassinato da vilã vivida por Beatriz Segall geraram um dos mais eficazes "quem matou?" da nossa televisão -no fim, descobrimos, Leila, personagem de Cassia Kiss, havia dado um fim à personagem.
"Eu gosto muito de herói, mas talvez eu escreva melhor os vilões", costumava dizer Braga, que eternizou no imaginário popular figuras desprezíveis, mas também fascinantes, como a própria Odete Roitman e também Maria de Fátima, vivida por Gloria Pires na mesma novela.
Em "O Dono do Mundo", de 1991, o carioca criou para Antonio Fagundes o médico Felipe Barreto, um tipo cafajeste que tentava seduzir uma jovem virgem às vésperas de seu casamento, só para ganhar uma aposta.
Braga também foi o autor de "Anos Rebeldes", "Pátria Minha", "Labirinto" e "Força de um Desejo". Nos anos 2000, lançou outros folhetins que, hoje sabemos, se tornaram novos clássicos da nossa teledramaturgia -"Celebridade", de 2003, e "Paraíso Tropical", de 2007.
O primeiro foi responsável por apresentar uma nova vilã emblemática -Laura Prudente, personagem de Cláudia Abreu que se aproximava de Maria Clara Diniz, vivida por Malu Mader, uma ex-modelo e empresária. A rivalidade das duas criou a receita para a trama, que tem como uma de suas cenas mais icônicas uma violenta briga num banheiro, que hoje ganhou sobrevida nas redes sociais e virou meme.
Já "Paraíso Tropical" rendeu a Braga uma indicação ao Emmy Internacional, ao acompanhar as histórias das gêmeas Paula e Taís -vividas por Alessandra Negrini-, do ambicioso empresário Olavo -Wagner Moura- e da prostituta Bebel -Camila Pitanga.
Seus últimos trabalhos como autor principal, ambos na Globo, foram em "Insensato Coração", de 2011, e "Babilônia", de 2015.
"Se alguém um dia fez com que a telenovela passasse a representar não histórias idealizadas, mas 'a vida da gente', esse alguém foi Gilberto Braga", diz Zeca Camargo, apresentador e colunista deste jornal. "Gênio não só nas tramas, mas na transformação da nossa vida cotidiana em ricas narrativas televisivas, Gilberto marcou mais de uma geração de telespectadores."
FONTE: Notícias ao Minuto Brasil
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