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Aluno conta que agressor xingou colega de 'macaco', e professora morta tentou apartar briga na semana passada

Estudante que fez o relato fugiu para não ser morto. Aluno xingado pelo agressor dias atrás não estava na escola nesta segunda-feira. Na porta da escola, pais relataram à reportagem da TV Globo que agressões físicas entre os alunos são constantes na escola.

Ataque aconteceu na Escola Estadual Thomázia Montoro, na Vila Sônia | Foto: Reprodução

Um aluno da escola estadual em São Paulo em que ocorreu um ataque na manhã desta segunda-feira (27), detalhou o que ocorreu na semana anterior ao incidente. Uma professora foi morta e três ficaram feridas.

Gabriel, de 13 anos, disse estudar na mesma sala do autor das agressões. Segundo o aluno, há alguns dias, o agressor xingou outro aluno de "macaco", o que ocasionou uma briga.

Ainda de acordo com o estudante, a professora que foi atacada pelo aluno foi a responsável por ter apartado a confusão e, após isso, aluno jurou vingança. A Polícia Civil apura essa versão.

Durante coletiva de imprensa, o secretário da Segurança Pública, Guilherme Derrite, disse que a diretora confirmou a versão do aluno e que conversou com o estudante agredido na sexta e que conversaria com o agressor nesta segunda.

Ainda de acordo com o relato de Gabriel, o aluno xingado de "macaco" não estava na escola nesta segunda-feira, somente a professora que foi atacada com golpes de faca.

"Foi assim: chamou o menino de preto e macaco. O outro menino (vítima de racismo) não gostou e partiu para cima dele. A professora "'Beth' separou. Aí hoje esse menino que chamou o outro de macaco veio com com uma faca e esfaqueou várias vezes a professora aqui e aqui (disse ele tocando na cabeça). Ele já falou que iria fazer isso, mas ninguém acreditava. Ele estava atrás de mim tentando me matar. Na hora, eu corri e me escondi ali atrás e fiquei cerca de uns 40 ou 60 minutos esperando a polícia chegar", contou Gabriel, aluno que estuda na mesma sala do autor adolescente, autor das agressões.

Ainda segundo Gabriel, o adolescente entrou na sala nesta manhã, enquanto os estudantes estavam na sala de aula.

"Ele entrou com uma máscara preta com caveira, já chegou por trás esfaqueando a professora e nem deu para ela se defender", relatou.

'Brigas frequentes'

O estudante falou, já na porta da escola e ao lado da mãe, que chegou aos prantos para buscá-lo. Ao falar com a TV Globo, ela contou que a escola têm brigas frequentemente.

"Na sala dele, na semana passada, teve uma briga por racismo, um pulou em cima do outro. É muita briga nesse colégio. Falei que ter uma polícia lá e falavam que não podia fazer nada, tem que ser o Estado", contou a Maria Das Graças.

Ela e outros pais de alunos foram para a frente da instituição pela manhã, após os responsáveis ficarem sabendo do ocorrido. Desesperados, eles se deslocaram até à unidade de ensino na tentativa de retirar os filhos que ainda estavam em horário de aula e foram contidos por Policiais Militares, que tentam preservar a segurança do local.

Aos poucos, os estudantes foram sendo retirados pelos responsáveis. Era possível ver algumas crianças saindo desnorteadas e outras chorando.

A doméstica, Maria José Fernandes é mãe de um outra aluna que estuda na instituição e disse que a filha contou que o ataque nesta manhã aconteceu em razão de uma confusão anterior, em que a professora "Beth", teria apartado os alunos, impedindo que o autor agredisse a um outro aluno.

"O menino (autor do ataque) ameaçou um outro aluno que chama Daniel e a professora Beth, que é uma das melhores da escola, não deixou. Então, o adolescente atacou a professora. A minha filha, aluna do sexto ano, disse que o menino já planejava vir para matar o adolescente. Não sei o motivo das brigas. Minha filha ainda está muito nervosa e só me contou esses detalhes. A escola é uma escola de período integral e não tem estrutura para isso", relatou a doméstica, Maria José Fernandes.

O ataque

Quatro professoras e um aluno foram esfaqueados manhã desta segunda-feira (27) dentro da Escola Estadual Thomazia Montoro, na Vila Sônia, em São Paulo, segundo o governo de São Paulo. Uma das professoras morreu.

Elisabete Tenreiro, 71 anos, teve uma parada cardíaca e morreu no Hospital Universitário, da USP.

Elisabeth Tenreiro, 71 anos, professora assassinada em escola de SP

Inicialmente, a polícia havia informado que dois alunos tinham sido atingidos. Um deles, porém, foi socorrido em estado de choque, mas sem ferimentos. A outra criança ferida sofreu um corte no braço e foi levada a um hospital da região. Segundo a mãe de outro aluno, ele tentou salvar uma das professoras e ficou ferido superficialmente.

Uma das professoras foi levada para o Hospital das Clínicas e o outra para o Hospital Bandeirantes.

As professoras feridas foram identificadas como,Ana Célia Rosa (História), Rita de Cássia (Matemática) e Jane Gasperini. Os nomes dos estudantes não foram revelados. 

O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos) que cumpre agenda fora do país, lamentou por meio das redes sociais "Não tenho palavras para expressar a minha tristeza", escreveu ele.

O prefeito da capital paulista, Ricardo Nunes (MDB), também lamentou o ataque. "Uma tragédia que nos deixa sem palavras", disse.

De acordo com a Polícia Militar, o agressor, um aluno do oitavo ano, foi contido pelos policiais e levado para o 34° DP, onde o caso está sendo registrado.


G1/Globo

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