Fantástico traz detalhes da operação da PF que conseguiu descobrir ao menos 65 registros de falsos médicos junto ao CREMERJ. Três pessoas foram presas.
A Polícia Federal descobriu uma quadrilha que falsificava documentos de faculdades de medicina para obter registros e vendê-los para falsos médicos. Pelo menos 65 registros foram obtidos com documentos falsos. O Fantástico deste domingo (2), trouxe detalhes desta investigação. (Veja o vídeo no fim da matéria)
Os suspeitos criavam documentos falsos muito parecidos com os originais, usando papel de qualidade e reproduzindo o logotipo das universidades, principalmente da UNEB.
A investigação apontou que existia uma estrutura empresarial por trás dessa venda de diplomas e históricos escolares. Os documentos falsos permitiam que qualquer pessoa se passasse por um estudante de medicina formado.
Os criminosos também criaram e-mails falsos em nome das instituições de ensino para enganar o Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro.
Depoimento de supostos médicos
Um dos investigados, Diego da Silva Jacome de Lima, admitiu em depoimento que é enfermeiro, nunca esteve no campus da UNEB e pagou R$ 45 mil por toda a documentação falsa.
Outros suspeitos também foram mencionados, incluindo Marcelo Salgueiro Bruno, dono de uma empresa de ambulância e enfermeiro, também disse em depoimento que pagou R$ 45 mil por documentos
Jonny Teixeira Carreiros contou à polícia que estudou medicina no Paraguai, mas não se formou. Segundo a PF, ele pagou R$ 80 mil pelo esquema. Ele foi preso em fevereiro deste ano quando trabalhava como médico e passou 9 dias na cadeia. Os advogados dele disseram que ele foi vítima de um golpe
Cássia Santos de Lima Menezes admitiu que chegou a dar plantões e gastou R$ 400 mil com documentos falsos.
Um dos falsos médicos mostrado na reportagem, que também obteve o registro de medicina com documentos falsos, tentou recuperar o dinheiro gasto no esquema através de uma notificação extrajudicial.
O Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro anulou os 65 registros obtidos com documentação falsa, causando revolta entre aqueles que pagaram pela falsificação.
Jean Machado, um dos investigados, entrou com a notificação na tentativa de reaver o dinheiro pago, mas se recusou a responder quando questionado sobre ter cursado medicina. Outras pessoas investigadas também se recusaram a falar com a reportagem.
Em conversa com o Fantástico, por telefone, Jean alegou que "não comprou diploma, mas que sofreu um golpe". E ao ser questionado sobre ter cursado medicina, ele não respondeu mais.
Repórter: Oi, Jean, tudo bem? Seu nome é citado na investigação como tendo comprado um diploma da UNEB.
Jean Machado: Eu não comprei, eu sofri um golpe deles.
Repórter: Mas você chegou a cursar medicina?
Jean Machado: (desliga).
Prisões
Em junho, durante uma operação da PF, foram cumpridos quatro mandados de prisão, resultando na prisão de Valdelírio Barroso Lima, Reinaldo Santos Ramos e Francisco Gomes Inocêncio Junior, esse último sendo médico. A quarta pessoa, Ana Maria Monteiro Neta, que é considerada a líder da quadrilha, ainda não foi capturada e está foragida.
UNEB e CREMERJ
As universidades e o Conselho Regional de Medicina anularam todos os registros obtidos com documentação falsa. O Conselho Federal de Medicina pretende criar protocolos de checagem para corrigir as fragilidades do sistema.
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